VÍDEO: “Meu filho morreu pedindo socorro”: mãe relata negligência no Hospital Materno Infantil

Terceiro episódio da série “Hospital Materno Infantil de Criciúma sob denúncia” revela caso de bebê que morreu após 58 dias internado.

Leticia Matos

Publicado em: 21 de outubro de 2025

7 min.
“Meu filho morreu pedindo socorro” mãe relata negligência no Hospital Materno Infantil de Criciúma. - Foto: Reprodução/SCTODODIA

“Meu filho morreu pedindo socorro” mãe relata negligência no Hospital Materno Infantil de Criciúma. - Foto: Reprodução/SCTODODIA

Esta é a terceira reportagem da série “Hospital Materno Infantil de Criciúma sob denúncia”, produzida pela Rádio Cidade em Dia. A série investiga relatos de falhas graves em atendimentos e denúncias de negligência médica na unidade hospitalar mantida pelo Estado em Criciúma.

Casos como o de Samuel Biff, bebê de dez meses que morreu em julho de 2023 após 58 dias internado, levantam novos questionamentos sobre a conduta da equipe médica e as condições de atendimento no Hospital Materno Infantil Santa Catarina. A mãe, Vanusa Biff, afirma que o filho morreu “de fome e sem respostas” depois de uma longa internação marcada por erros e descuido.

“Levei várias vezes e diziam que não era nada”

Segundo Vanusa, os primeiros sinais de que algo estava errado surgiram semanas antes da internação. O bebê apresentava febre constante e dificuldade para respirar, mas o atendimento não teria sido suficiente para identificar a gravidade do quadro.
“Levei ele várias vezes no hospital e sempre diziam que era só uma gripe. Só quando o pulmão já estava 50% comprometido é que resolveram internar”, contou.

Samuel foi diagnosticado com bronquiolite e pneumonia, e precisou ser intubado na UTI. Mesmo assim, a mãe relata que o atendimento foi falho e que o bebê ficou longos períodos sem acompanhamento médico durante a madrugada.

Falta de cuidados e sofrimento dentro da UTI

Durante a internação, Vanusa afirma que o filho passou fome e desenvolveu feridas graves.
“Ele ficou só no soro. Eu perguntava se aquele soro alimentava, porque ele estava definhando. Quando trocaram a fralda, vi que ele estava em carne viva, com assaduras muito grandes. Tive que pedir pomada, porque ninguém fazia nada”, relatou.

Ela também denuncia falhas nos procedimentos. Segundo a mãe, o filho foi desentubado acidentalmente durante o banho, e teria sofrido ferimentos no pescoço por causa de tentativas malsucedidas de acesso venoso.
“Colocaram o cateter no pescoço e, na hora do banho, puxaram o tubo. Fui até o Ministério Público pedir ajuda, porque vi que meu filho estava morrendo ali dentro”, disse.

Sinais de melhora e alta precoce

Após quase dois meses, Samuel começou a apresentar sinais de recuperação. Ele chegou a respirar sem ajuda de aparelhos e, segundo a mãe, estava ganhando peso. “O médico disse que ele estava bem e liberou para o quarto. Eu acreditei que meu filho ia sair dali com vida”, contou.

Mas, na pediatria, a rotina mudou. Vanusa relata que a alimentação do bebê foi reduzida, mesmo após autorização da fonoaudióloga. “Ele chorava de fome. Eu chamava médico, enfermeira, e ninguém vinha. Diziam que ele podia broncoaspirar, mas já estava liberado. Meu filho pedia comida e eu não podia dar”, afirmou.

A madrugada do desespero

Na madrugada de 2 de agosto, Samuel morreu nos braços do pai.
“Ele mamou, puxou a roupa do meu marido pedindo socorro, e ficou roxinho. Levaram ele para outra sala, mas lá não tinha equipamento nenhum, nem oxigênio. Tentaram reanimar, mas ele já estava sem vida”, relatou Vanusa, emocionada.

O prontuário médico, segundo a mãe, mostra que o bebê teria broncoaspirado — engasgado com o leite —, mas ela questiona a falta de estrutura e o tempo de resposta da equipe. “Se tivessem o equipamento certo no quarto, talvez ele estivesse vivo”, lamentou.

Outras famílias denunciam falhas semelhantes

A morte de Samuel se soma a outras histórias já reveladas pela série da Rádio Cidade em Dia, que expôs as falhas nos casos de Jordana e Dominic, também atendidas no Hospital Materno Infantil Santa Catarina.

Os relatos indicam um padrão de negligência, demora no atendimento e descuido com pacientes vulneráveis. A equipe de reportagem procurou a direção do hospital e a Secretaria de Estado da Saúde para se manifestarem sobre as denúncias, mas até o momento da publicação não houve retorno.

No próximo episódio

A próxima reportagem da série trará a voz da advogada Milene Lacerda, representante das famílias, que detalha como os casos chegaram ao Ministério Público e quais medidas legais estão sendo tomadas para responsabilizar o hospital.


FIQUE BEM INFORMADO:
Fique por dentro do que acontece em Santa Catarina!
Entre agora no nosso canal no WhatsApp e receba as principais notícias direto no seu celular.
👉 Clique aqui e acompanhe.



× SCTODODIA Rádios