Caso Mirella: uma década de lembranças

Crime brutal que vitimou Mirella Maccarini Peruchi completa 10 anos e ainda impacta a história de segurança pública em Criciúma

Redação

Publicado em: 28 de abril de 2025

4 min.
Caso Mirella: Entrevista do Delegado Márcio Campos Neves ao Jornalista Nei Manique

Há exatos dez anos, na noite de 27 de abril de 2015, Criciúma foi palco de um crime brutal que chocou a comunidade: o latrocínio da radiologista Mirella Maccarini Peruchi. Ela e seu esposo, o neuropediatra Jaime Lin, foram abordados por dois assaltantes ao chegarem em sua residência no bairro Michel. Mirella foi atingida por disparos no tórax e na cabeça, não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

A trágica ocorrência, relembrada nesta segunda-feira (28) pela Rádio Cidade em Dia, gerou uma ampla discussão sobre segurança pública e o sistema socioeducativo da época. Em uma produção para o canal CriTV Criciúma, o jornalista Nei Manique resgatou detalhes do caso e trouxe o depoimento do delegado Márcio Campos Neves, que atendeu a ocorrência.

O delegado recordou as dificuldades enfrentadas em relação à acomodação de adolescentes infratores. “Um dos envolvidos era adolescente e, na época, não havia espaço suficiente para acolher menores que cometiam delitos”, afirmou. Segundo ele, a comoção gerada pelo crime impulsionou a criação do Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) Sul. “E aí está hoje como uma realidade”, ressaltou.

Sobre a ocorrência, Márcio Campos Neves relatou: “Eu já vim direto para a delegacia, e a Polícia Militar, habilmente, já havia apreendido o adolescente. Depois foi descoberto que eram dois autores: um adolescente e um adulto, que foi preso posteriormente”. Ele também destacou a precariedade do sistema à época: “Sabedor da falta de vagas no sistema socioeducativo catarinense, com uma fila gigante, chamei o tio da vítima e expliquei: não tem vaga; é capaz desse bandido ficar em liberdade”.

O delegado também narrou a reação de Nilson Olivo, tio de Mirella: “O seu Nilson fez uma manifestação incisiva na frente da delegacia, com toda a imprensa presente. Assim, conseguiram uma vaga para o adolescente em Tubarão”.

Segundo Nei Manique, o adulto envolvido, já conhecido da polícia por atos infracionais cometidos na adolescência, foi identificado e preso pela Divisão de Investigação Criminal (DIC). “Foi ele quem efetuou os disparos. A ideia deles era assaltar para roubar a caminhonete”, explicou o jornalista.

Outro fato emblemático citado pelo delegado é que o autor do disparo, condenado a 22 anos de prisão por latrocínio, foi beneficiado com uma “saídinha” no Natal de 2023 e fugiu, sendo posteriormente recapturado e retornando à Penitenciária Sul.

Em memória de Mirella Maccarini Peruchi, seu tio Nilson Olivo, mencionado pelo delegado, participou ativamente das mobilizações em busca de justiça. A radiologista também foi homenageada com a nomeação de uma rua no bairro Ceará.



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