Connect with us
SCTODODIA

SCTODODIA

“Motorista é responsável”, diz Ulisses Gabriel

Criciúma
Local Criciúma onde jovem foi atingida por disparo durante operação policial; local do incidente após a abordagem
Foto: Divulgação / Linha Verdade

Criciúma

“Motorista é responsável”, diz Ulisses Gabriel

O Delegado-Geral Ulisses Gabriel responsabiliza o motorista pelo incidente fatal em Criciúma, destacando que a ação policial foi legítima

CRICIUMA

O Delegado-Geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, se manifestou no sábado (22) sobre a trágica ocorrência que resultou na morte de Thamily Venâncio Ereno, de 23 anos, durante uma operação de cumprimento de mandado de prisão no bairro São Sebastião, em Criciúma. A jovem foi atingida por um disparo de arma de fogo, quando estava no carro de um motorista de Uber que tentou fugir da abordagem policial.

Em nota, o delegado classificou o incidente como um claro exemplo de “aberratio ictus” — um erro em que a pessoa atingida não era a alvo pretendida. “O foragido, que estava se escondendo da Polícia, entrou sozinho em um Uber. Com a voz de prisão, o motorista deu a ré em cima da viatura e dos Policiais Civis, ocorrendo legítima defesa com disparo de arma contra a agressão injusta, tendo o disparo acertado uma mulher que já estava no carro quando o foragido entrou”, explicou Ulisses Gabriel.

A Polícia Civil de Criciúma, por meio da DIC/DECOD, detalhou que o motorista do Uber desobedeceu à ordem de parada dos policiais e acelerou em direção às viaturas, colocando em risco a integridade dos agentes. “O motorista do Uber não obedeceu a ordem de parada dos policiais civis e acelerou de marcha ré em direção aos policiais civis que realizavam a abordagem por trás, colocando em risco suas integridades físicas, obrigando-os a realizar um disparo que visava cessar a injusta agressão, acabando por atingir na cabeça a companheira do foragido”, relatou a nota oficial.

Thamily foi socorrida e levada em estado grave ao Hospital São José, onde teve morte cerebral constatada. A família aguarda o protocolo de 72 horas para o desligamento dos aparelhos.

Após o incidente, o motorista do Uber, de 42 anos, foi preso em flagrante e autuado por homicídio tentado e desobediência. O delegado Ulisses Gabriel confirmou que a prisão preventiva do motorista foi decretada após a homologação da prisão em flagrante. “Contra o motorista do Uber foi lavrado auto de prisão pelos crimes de tentativa de homicídio e desobediência, sendo ele encaminhado ao presídio”, explicou.

A Corregedoria da Polícia Civil acompanhará as investigações, e perícias foram realizadas tanto no local quanto no veículo. “Foi realizada perícia no local dos fatos e no veículo utilizado pelo conduzido, sendo que ao final a Corregedoria da Polícia Civil será informada do resultado da investigação”, informou a Polícia Civil.

Em sua manifestação, Ulisses Gabriel destacou a postura rigorosa da Polícia Civil na apuração de condutas, mas reafirmou a legitimidade da ação policial no caso. “Somos duros na apuração de condutas de policiais, levando vários a perder os cargos, mas no caso em exame, pelas provas, a situação é clara”, finalizou o Delegado-Geral.

Nota da Defesa do Motorista

A defesa do motorista envolvido na ocorrência emitiu uma nota: “O motorista realizava uma viagem de um casal, um homem e uma mulher. Ao chegar ao destino, foram surpreendidos pelo que acreditaram ser um assalto, já que dois homens armados desceram de uma viatura descaracterizada e partiram em direção ao carro. Diante da aparente tentativa de assalto, ele deu ré, mas, impedido por um veículo atrás, tentou desviar e, nesse momento, foi atingido por uma segunda viatura”, afirmou a defesa.

A nota também relata que a colisão resultou em um disparo de arma de fogo efetuado por uma agente policial, que causou a morte da passageira, Thamily. “A colisão resultou em um disparo de arma de fogo efetuado por uma agente policial, que causou a morte da passageira, uma jovem de 23 anos”, destacou.

Em relação à investigação, a defesa contestou a maneira como o caso foi conduzido. “Os agentes prenderam o passageiro em cumprimento de mandado de prisão, a passageira foi socorrida pelo SAMU, e o motorista acompanhou os agentes até a delegacia para prestar depoimento. Lá se viu envolvido em uma articulação policial que buscava colocar sobre si a responsabilidade de uma infundada tentativa de homicídio contra os agentes policiais”, afirmou a defesa, acrescentando que, “no momento da suposta tentativa, o mesmo sequer sabia que aquelas pessoas eram ditas pessoas de bem”.

Além disso, a defesa levantou questões sobre a condução da investigação e o tratamento de testemunhas. “Durante a investigação, todos os envolvidos foram ouvidos, exceto a policial que efetuou o disparo fatal contra a jovem. Além disso, outra situação que causou estranheza, foi o fato de uma testemunha que não só presenciou os fatos como registrou em seu celular, ter sido abordada por um agente policial, que o obrigou a entregar seu telefone, sendo devolvido apenas sob a condição de apagar toda e qualquer imagem relacionada a trágica ocorrência”, informou a defesa.

A defesa ainda questiona a postura das autoridades. “Talvez essa nota de nada de sirva, porque ao que tudo indica tanto o delegado que responde pela investigação, quanto seu superior, o delegado geral de Santa Catarina, já sentenciaram o motorista como culpado por uma tentativa de homicídio e desobediência de ordem policial”, afirmou.

Por fim, a defesa do motorista expressou sua confiança no Poder Judiciário. “Diante disso, a defesa espera que o Poder Judiciário possa ser o verdadeiro fiel da balança, para que o motorista tenha a oportunidade de ampla defesa e contraditório, de modo que a investigação policial e o processo penal não sejam meras formalidades, podendo assim ele ter seus direitos fundamentais resguardados”, concluiu.

Continue lendo
Topo