Segurança
Mulher relata tentativa de feminicídio em Criciúma
Vítima relata tentativa de feminicídio cometida pelo ex-marido em Criciúma e faz um apelo para que mulheres denunciem
O caso de Karina de Oliveira, vítima de uma tentativa de feminicídio em Criciúma, reforça a urgência de medidas mais eficazes contra a violência contra a mulher. Em entrevista, Karina revelou detalhes do ataque brutal que sofreu do ex-marido, que não aceitava o fim do relacionamento.
Na manhã do domingo (02), por volta das 7h30, Karina ainda estava deitada quando seu ex-marido bateu em sua porta. “Aparentemente, ele não estava sob efeito de drogas ou álcool. Abri a porta, pois ele disse que estava passando por ali e precisava usar o banheiro”, relata. No entanto, ao notar que ele demorava no banheiro, ela se aproximou para verificar. “Perguntei se ele realmente queria usar o banheiro, pois fiquei desconfiada. Ele se levantou do vaso e disse que tinha esperança de que nós voltássemos. Eu respondi que isso não era possível, pois ele era agressivo.”
A recusa de Karina foi o estopim para a violência. “Ele partiu para cima de mim, pegou uma tesoura que estava no rack da sala e a fincou na minha cabeça”, conta. Além disso, ela foi agredida com socos na boca e no rosto, e golpeada com um pedaço de pau nas costas. “Ele me levou para o banheiro e continuou com as agressões. Quando percebeu que eu estava sangrando muito, falou para eu tomar banho e colocar roupa, pois me levaria ao hospital.”
Apesar das ameaças, Karina encontrou uma chance de escapar. “Havia uma amiguinha da minha filha que dormiu em casa na noite anterior. Eu precisava levá-la à igreja, onde a mãe dela estaria”, explica. Sob ameaça de morte, Karina entrou no carro com as meninas. “Ele disse que se eu gritasse, mataria minha filha. Fomos em direção à igreja e, ao chegar, precisei descer para abrir a porta para a menina. Foi quando vi a oportunidade e gritei: ‘Corre!’. Consegui sair do carro, e ele fugiu.”
Na igreja, as pessoas presentes ajudaram Karina. “Os irmãos estavam orando, e a menina que estava comigo chamou meu pai. Ele me colocou no carro e me levou à delegacia imediatamente.”
Karina revelou que as ameaças e agressões haviam começado antes do ataque. “Ele não aceita o fim do relacionamento. Na cabeça dele, só porque ainda estávamos casados no papel, havia chances de reatarmos”, explica. “No início, eram apenas agressões verbais, mas com o tempo vieram as agressões físicas.”
Ela já havia denunciado o ex-marido. “Registrei um boletim de ocorrência por agressão verbal e ameaça, mas nada foi feito. A polícia parece esperar a mulher morrer para tomar alguma atitude”, lamenta. “Nunca recebi apoio. Se ele tivesse sido preso da primeira vez, nada disso teria acontecido.”
Agora, Karina faz um apelo a outras mulheres que vivem situações semelhantes. “Mulheres, denunciem! Pelo amor de Deus, não fiquem com medo. Esses agressores precisam pagar pelo que estão fazendo. Não podemos permitir que mais mulheres sofram e continuem apanhando. Estamos no século 21 e isso ainda acontece. Por favor, denunciem. Juntas somos mais fortes.”