Vaguinho cobra outros municípios por Casa Abrigo
Prefeito de Criciúma, Vaguinho Espíndola, pressiona cidades vizinhas a contribuírem para a criação de um abrigo regional para vítimas de violência doméstica
A violência doméstica em Criciúma e toda a região, segue sendo preocupação latente, e a criação de uma Casa Abrigo para mulheres vítimas de agressões voltou a ser discutida. Segundo o prefeito Vaguinho Espíndola, o tema está entre as prioridades da gestão e precisa ser tratado de forma regional.
“O assunto não está morto, é um assunto vivo”, afirmou o prefeito, ressaltando que a secretária de Assistência Social Dudi Sônego já tratou do tema com o promotor. Ele revelou, inclusive, que recebeu sugestões de modelos já adotados em cidades maiores e gostou da proposta de um abrigo regional. “Me proponho a construir, já dei autorização para isso, mas tem que ser uma política pública regional de fato”, apontou.
Sobre a viabilidade do projeto, o prefeito chamou a atenção para a necessidade do envolvimento de outros municípios. “Tudo é custo. Teremos o rateio dessas despesas, já que será regional”, explicou, sugerindo que o consórcio multifinalitário da AMREC pode viabilizar o financiamento.
Atualmente, mulheres em situação de violência são acolhidas em hotéis, mas essa solução apresenta limitações significativas. A equipe da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) aponta que a falta de estrutura adequada para crianças, a rigidez nos horários de refeições e a falta de sigilo sobre a localização comprometem a segurança das vítimas. Além disso, os hotéis não contam com profissionais capacitados para atender mulheres em situação de vulnerabilidade.
Números preocupam
A violência contra a mulher continua sendo um problema grave em Criciúma. Em 2024, até novembro, foram registrados 1.510 casos de violência física contra mulheres. O número de medidas protetivas concedidas saltou de 753 em 2023 para 892 no último ano, mostrando que mais mulheres estão buscando proteção legal. O aumento das denúncias é positivo, mas também indica que a violência persiste.
Outro dado alarmante foi apontado pelo comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Mário Luiz Silva. “Dos dez homicídios registrados em Criciúma no último ano, três foram feminicídios, ou seja, 30% do total”, afirmou. Ele alertou para a progressão da violência doméstica. “Ela começa com agressões verbais, evolui para violência física e, em alguns casos, chega ao feminicídio”, explicou.
O comandante destacou a necessidade de uma atuação conjunta para enfrentar o problema. “A violência doméstica tem um componente diferenciado porque envolve uma relação de afeto, passada ou presente. Muitas vítimas nem percebem que estão nesse ciclo. Precisamos de uma abordagem que vá além da repressão, com ações preventivas e educativas”, pontuou.
Proposta da casa abrigo de Criciúma
Diante desse cenário, a criação de uma Casa Abrigo regional aparece como a melhor alternativa. O prefeito já discute a ideia com a Associação dos Municípios da Região Carbonífera (AMREC) e analisa modelos de abrigamento implementados em cidades maiores. A intenção é garantir que o espaço tenha estrutura adequada e suporte especializado.
Questionado sobre a possível localização do abrigo, Espíndola disse que a definição ainda está em análise, mas confirmou que há alternativas sendo estudadas. “Recebi uma sugestão recentemente e pode ser viável. O assunto será discutido na reunião da ANREC. O número de casos tem aumentado e precisamos agir”, declarou.