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Robôs dominam a Black Friday e dificultam compras online reais
A chegada da Black Friday e do Natal traz um movimento intenso no comércio eletrônico
A chegada da Black Friday e do Natal traz um movimento intenso no comércio eletrônico, mas também um desafio crescente: a atuação de robôs de compras, que competem com consumidores reais para adquirir produtos com grandes descontos. Esses programas automatizados têm se tornado cada vez mais sofisticados, prejudicando a experiência de compra de quem busca itens populares, como consoles de videogame e placas de vídeo, e permitindo que especuladores revendam esses produtos por preços muito acima do original.
Os robôs monitoram constantemente os sites de varejo, alertando seus usuários sobre novos estoques ou realizando compras instantâneas antes que qualquer cliente humano tenha a chance de finalizar a transação. Essa prática tem suas raízes no mercado de tênis de edição limitada, onde robôs já eram usados para garantir aquisições em lançamentos altamente disputados. Hoje, essa tecnologia foi adaptada para outros setores, intensificando a dificuldade para consumidores comuns durante períodos de alta demanda.
Um exemplo da sofisticação desses sistemas envolve grupos privados em plataformas como Discord, onde informações privilegiadas sobre estoques e horários de lançamentos são compartilhadas. Alguns grupos chegam a alugar servidores próximos aos das lojas para ganhar frações de segundo cruciais na compra de produtos. Além disso, a adesão a esses grupos pode custar caro, com valores que variam de dezenas a centenas de dólares, transformando essa prática em um negócio altamente lucrativo.
O impacto é visível no mercado, com itens esgotados rapidamente em lojas comuns e disponíveis por valores exorbitantes em sites de revenda. Estima-se que o mercado de revenda de tênis, onde essa prática começou, já movimenta cerca de US$ 2 bilhões por ano e cresce a uma taxa de 20% ao ano. Essa tendência agora se estende a outros produtos, dificultando ainda mais a compra de itens populares em promoções como a Black Friday.
Embora essa prática não seja ilegal na maioria dos setores, muitos varejistas têm buscado soluções criativas para enfrentar os robôs. Algumas lojas implementam códigos de desconto exclusivos para clientes reais, enquanto outras analisam padrões de compra suspeitos, como pedidos múltiplos para o mesmo endereço, e cancelam transações duvidosas. Ainda assim, essa disputa entre varejistas e robôs é uma batalha constante.
Curiosamente, nem todos os robôs são prejudiciais aos consumidores. Alguns monitoram preços sem realizar compras, ajudando os próprios varejistas a ajustar suas ofertas e competir com os concorrentes. Isso pode, em alguns casos, levar a preços mais baixos, beneficiando os consumidores. No entanto, grandes redes varejistas evitam discutir publicamente suas estratégias contra robôs, mantendo sigilo sobre suas defesas.
Apesar dos avanços nas técnicas contra robôs, a disputa ainda está longe de ser resolvida. Casos como o da loja britânica Currys PC World, que implementou um sistema de códigos para evitar compras automatizadas, mostram que a criatividade é uma ferramenta essencial para equilibrar essa disputa de “gato e rato”. No entanto, a presença crescente de robôs no comércio eletrônico levanta debates sobre regulamentação e a necessidade de medidas mais rígidas para proteger os consumidores.
Enquanto isso, a Black Friday de 2024 e o período natalino prometem ser mais um campo de batalha entre consumidores reais, especuladores e robôs, com produtos desejados ficando cada vez mais difíceis de ser adquiridos. Nesse cenário, tanto consumidores quanto varejistas precisam estar atentos para driblar os desafios e garantir que as promoções realmente cheguem a quem precisa.
Com informações do g1.