A imagem do Papai Noel, com roupa vermelha, barba branca e semblante bondoso, é uma das mais reconhecidas da cultura ocidental. Presente em vitrines, filmes, campanhas publicitárias e celebrações de Natal em todo o mundo, o personagem parece ter uma aparência definitiva. Mas nem sempre foi assim. E, apesar do que muitos acreditam, ele não foi criado pela Coca-Cola… Mas, a marca de refrigerentes traz o bom velhinho com a Caravana de Natal, nesta terça-feira (16), a Tubarão.
A associação entre o “bom velhinho” e a marca de refrigerantes é tão forte que, ao longo das décadas, alimentou um dos mitos mais persistentes da publicidade: o de que a empresa teria inventado o Papai Noel. A história real é mais longa, complexa e revela como a comunicação comercial pode influenciar profundamente o imaginário coletivo.
Um personagem muito antes da publicidade
As origens do Papai Noel remontam ao século IV, com São Nicolau, bispo conhecido por atos de generosidade e ajuda aos mais pobres. Ao longo dos séculos, essa figura foi reinterpretada em diferentes culturas europeias, assumindo formas variadas — de um homem magro e austero a personagens de aparência quase mística.
No século XIX, nos Estados Unidos, o personagem começou a ganhar contornos mais consistentes. O cartunista Thomas Nast foi um dos principais responsáveis por essa transformação. A partir de 1862, em ilustrações para a revista Harper’s Weekly, Nast retratou o Papai Noel em contextos ligados à Guerra Civil americana. Ao longo de cerca de 30 anos, suas representações evoluíram, incluindo a adoção do casaco vermelho, muito antes de qualquer vínculo com a Coca-Cola.
Mesmo assim, até o início do século XX, não existia uma imagem única e dominante. O Papai Noel variava conforme o país, a tradição local e o contexto cultural.
A entrada da Coca-Cola em cena
A Coca-Cola passou a usar o Papai Noel em campanhas publicitárias ainda na década de 1920, aproveitando o apelo emocional do Natal para estimular o consumo durante o inverno. Os primeiros anúncios, publicados em revistas de grande circulação, seguiam padrões mais rígidos e próximos das ilustrações clássicas.
Em 1930, a empresa deu um passo importante ao encomendar ao artista Fred Mizen uma pintura que mostrava o Papai Noel em uma loja de departamentos, em meio a consumidores, segurando uma garrafa de Coca-Cola. A cena foi exibida em anúncios impressos e marcou o início de uma associação mais direta entre o personagem e a marca.
A virada definitiva com Haddon Sundblom
O momento decisivo ocorreu em 1931, quando a Coca-Cola iniciou uma estratégia contínua de campanhas natalinas e contratou o ilustrador Haddon Sundblom. A missão era clara: criar um Papai Noel humano, afetuoso e realista, que transmitisse confiança e simpatia, sem parecer apenas alguém fantasiado.
Para isso, Sundblom se inspirou no poema A Visit from St. Nicholas, escrito em 1822 por Clement Clark Moore. A descrição literária deu origem a um personagem robusto, sorridente e próximo das pessoas. Embora o vermelho já fizesse parte do figurino do Papai Noel, a repetição dessa imagem nas campanhas da Coca-Cola ajudou a fixar definitivamente essa estética no imaginário popular.
Os anúncios começaram a circular em 1931 e, nas décadas seguintes, estamparam publicações como The Saturday Evening Post, National Geographic e The New Yorker.
Detalhes que encantaram o público
As campanhas eram tão observadas que qualquer mudança gerava reação. Houve leitores que escreveram à empresa ao notar o cinto do Papai Noel invertido ou a ausência de uma aliança, questionando o paradeiro da Mamãe Noel.
Os detalhes das ilustrações também chamavam atenção. Crianças retratadas nas cenas eram inspiradas em vizinhos do artista, e até um cachorro que aparece em uma das pinturas foi baseado em um animal real, adaptado artisticamente para melhor composição visual.
De mascote a ícone cultural
Entre 1931 e 1964, o Papai Noel da Coca-Cola apareceu em cenas cotidianas: entregando presentes, lendo cartas, conversando com crianças e abrindo geladeiras para pegar uma Coca-Cola. As obras originais foram reproduzidas em pôsteres, vitrines, calendários e materiais promocionais que hoje são itens de colecionador.
Mesmo após o fim da produção das ilustrações originais, a empresa continuou usando essa imagem como referência. As obras passaram a integrar acervos históricos e foram exibidas em museus renomados ao redor do mundo.
A resposta definitiva
A Coca-Cola não inventou o Papai Noel. O personagem já existia havia séculos e passou por diversas transformações antes de se tornar o símbolo natalino atual. No entanto, a publicidade da empresa teve papel decisivo ao padronizar e popularizar a imagem que hoje é reconhecida globalmente.
Mais do que vender um refrigerante, as campanhas ajudaram a transformar um personagem cultural em um ícone universal, mostrando como o marketing pode ultrapassar o produto e influenciar tradições, hábitos e símbolos que atravessam gerações.
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