Advogada espanhola expõe rompimento com pais e debate laços familiares

Especialistas em psicologia familiar apontam que determinadas atitudes e falas podem ser o primeiro passo para a reconciliação — quando ainda existe espaço para o diálogo.

Eduardo Fogaça

Publicado em: 12 de dezembro de 2025

6 min.
Advogada espanhola expõe rompimento com pais e debate laços familiares. Foto: Divulgação/Freepik

Advogada espanhola expõe rompimento com pais e debate laços familiares. Foto: Divulgação/Freepik

A advogada e comunicadora espanhola Inés Hernand revelou, em entrevista ao jornalista David Andújar, no programa “Sin Filtros”, que não mantém contato com os pais há anos. Segundo ela, o afastamento começou ainda na juventude e se tornou definitivo a partir dos 25 anos, quando deixou de ter qualquer informação sobre eles. O tema voltou à tona após declarações semelhantes no programa “Planeta Calleja”, nas quais explicou que saiu de casa aos 18 anos e que o distanciamento se aprofundou com o tempo.

Durante a entrevista, Hernand afirmou que a decisão foi a mais justa para ambas as partes. “Quando não há entendimento, há muita mágoa e existem coisas que simplesmente não dá para superar. Só porque te colocaram no mundo não significa que você tenha que ter uma boa relação”, disse. A fala teve como objetivo dar visibilidade a modelos familiares alternativos e romper com a ideia de que laços de sangue, por si só, garantem relações saudáveis.

Embora muitas vezes tratado como exceção, o rompimento entre pais e filhos adultos é mais comum do que se imagina. Especialistas apontam que, em alguns casos, o distanciamento pode ser uma forma de autoproteção emocional.

Feridas da infância e o limite da reconciliação

Segundo a psicóloga Katarzyna Popiołek, professora da Universidade de Ciências Sociais e Humanas, existem feridas da infância que permanecem abertas e tornam a reconciliação inviável. Em entrevista ao portal Zwierciadło, ela explica que, para algumas pessoas, o afastamento é a única maneira de se libertar de uma dor considerada insuportável. “Talvez a terapia ajude a longo prazo, mas, no aqui e agora, fugir parece ser a única solução”, afirma.

A relação entre pais e filhos é considerada uma das mais importantes para o desenvolvimento humano. Vínculos afetivos sólidos contribuem para segurança emocional, autoestima e habilidades sociais ao longo da vida. De acordo com a teoria do apego, a forma como percebemos nossos pais influencia diretamente a maneira como enxergamos a nós mesmos e o mundo.

Na vida adulta, no entanto, é comum que filhos se sintam frustrados ou decepcionados com a criação que tiveram. Em alguns casos, essas feridas podem ser trabalhadas e ressignificadas.

Frases que podem ajudar a reconstruir relações

Especialistas em psicologia familiar apontam que determinadas atitudes e falas podem ser o primeiro passo para a reconciliação — quando ainda existe espaço para o diálogo. Confira algumas delas:

  1. “Me desculpa”
    Um pedido de perdão sincero valida a dor do outro e demonstra responsabilidade afetiva, mesmo quando não houve intenção de ferir.
  2. “Eu não sabia que você precisava disso. Tem algo que eu possa fazer agora?”
    Reconhecer limites e perguntar o que o outro precisa abre caminho para a reparação emocional.
  3. “Eu estava no modo sobrevivência”
    Segundo a terapeuta Nedra Glover Tawwab, contextualizar o passado não é justificar erros, mas ajudar na compreensão mútua.
  4. “Seu caminho é diferente do meu, mas eu te apoio”
    A psicóloga Lara Morales Daitter destaca que essa frase reconhece a autonomia do filho adulto e promove aceitação.
  5. “Tenho muito orgulho de você”
    O reconhecimento continua sendo importante em qualquer idade e fortalece o vínculo emocional.
  6. “Você quer um conselho ou prefere que eu apenas te escute?”
    Nem sempre o filho busca soluções, mas acolhimento. Saber escutar é fundamental.
  7. “Continuo aqui para você”
    Mesmo com os filhos adultos, a presença respeitosa e atenta dos pais segue sendo essencial.

Especialistas reforçam que nem todas as relações podem ou devem ser retomadas. Em alguns casos, o distanciamento é uma escolha legítima para preservar a saúde emocional. Em outros, o diálogo e o reconhecimento mútuo podem abrir espaço para uma nova forma de convivência.


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