Neste ano, o cinema celebrou os 50 anos de “Tubarão” (1975), um dos filmes mais influentes da história. O que poucos espectadores imaginam é que, por trás do sucesso estrondoso nas bilheterias, houve uma produção marcada por improvisos, conflitos e problemas técnicos que quase levaram o projeto ao fracasso. Ironicamente, esse caos ajudou a moldar o suspense que consagrou o longa.
Baseado no romance homônimo de Peter Benchley, a história nasceu das memórias do autor, que passou a infância pescando em Nantucket, no nordeste dos Estados Unidos. A capa do livro inspirou o pôster icônico do filme, e o título original, Jaws (“mandíbulas”), só foi definido às vésperas do envio do manuscrito à editora. Antes mesmo do lançamento do livro, em 1974, a Universal Pictures comprou os direitos de adaptação — uma aposta que se mostrou certeira com o sucesso editorial da obra.
A aposta em um diretor jovem
Após se frustrar com o primeiro diretor contratado, o estúdio decidiu entregar o projeto a um cineasta de apenas 26 anos que havia demonstrado entusiasmo pela história: Steven Spielberg. À época, a escolha era considerada arriscada, mas acabou se tornando decisiva para o futuro do cinema comercial.
Filmagens em mar aberto e elenco local
Grande parte das gravações ocorreu em Martha’s Vineyard, ilha próxima a Nantucket. A decisão de filmar em mar aberto — algo raro em Hollywood naquele período — trouxe realismo, mas também enormes dificuldades logísticas. Moradores da ilha, sem experiência em atuação, foram escalados como figurantes, enquanto cenas submersas ficaram a cargo de documentaristas que haviam trabalhado em Morte Branca em Água Azul (1971), uma das referências visuais do filme.
O problema chamado “Bruce”
Um dos maiores desafios da produção foram os três tubarões mecânicos criados para o longa, todos apelidados de Bruce, em referência ao advogado de Spielberg. Projetados sem considerar os efeitos da água salgada, os equipamentos passaram cerca de 80% do tempo em manutenção. Com isso, a equipe precisou repensar cenas inteiras e reduzir drasticamente a aparição do animal.
A solução improvisada — esconder o tubarão e sugerir sua presença por meio da trilha sonora, enquadramentos e reações dos personagens — aumentou a tensão e se tornou um dos maiores trunfos narrativos do filme.
Atrasos, estouro de orçamento e clima tenso
Inicialmente previstas para durar 55 dias, as filmagens se estenderam por 159 dias. O orçamento ultrapassou em cerca de 300% o valor original, alcançando o equivalente a US$ 80 milhões em valores atuais, quatro vezes mais do que o padrão da época. A situação foi tão grave que o então presidente da Universal precisou visitar o set para entender o que estava acontecendo.
Para agravar o ambiente, uma rivalidade constante entre os atores Richard Dreyfuss e Robert Shaw contribuiu para o desgaste nos bastidores. Spielberg, pressionado, buscava aliviar o estresse jogando fliperama. Ao final das gravações, o diretor sofreu uma crise de pânico, temendo que o filme arruinasse sua carreira.
O nascimento do blockbuster de verão
Lançado em 1975, “Tubarão” mudou a lógica da indústria cinematográfica. Ao lado de títulos como Bonnie e Clyde (1967) e Sem Destino (1969), o filme consolidou o conceito de blockbuster de verão, período até então desprezado pelos estúdios. Contra todas as expectativas, o longa foi a primeira produção a ultrapassar US$ 100 milhões em bilheteria apenas nos Estados Unidos.
Além de arrastar multidões aos cinemas, o filme também mudou a relação do público com o mar: primeiro pela curiosidade, depois pelo medo. Cinco décadas depois, “Tubarão” segue como exemplo de como uma produção caótica pode resultar em uma obra-prima capaz de redefinir toda uma indústria.
FIQUE BEM INFORMADO:
📲 Fique por dentro do que acontece em Santa Catarina!
Entre agora no nosso canal no WhatsApp e receba as principais notícias direto no seu celular.
👉 Clique aqui e acompanhe: https://www.whatsapp.com/channel/0029Vb69tlYHVvTYG1jjUH1k