Rage bait: especialista explica como a “isca de raiva” domina o comportamento digital

Entrevista na Rádio Cidade Tubarão debate como a “isca de raiva” influencia o comportamento digital e movimenta as redes sociais.

Leticia Matos

Publicado em: 5 de dezembro de 2025

5 min.
Rage bait especialista explica como a “isca de raiva” domina o comportamento digital. - Foto: Divulgação

Rage bait especialista explica como a “isca de raiva” domina o comportamento digital. - Foto: Divulgação

A expressão rage bait, traduzida como “isca de raiva”, foi tema da entrevista conduzida pelo jornalista Ronaldo Sant’Anna no programa Hora da Cidade, da Rádio Cidade Tubarão, nesta sexta-feira (5). O convidado foi Reginaldo Osnildo, jornalista, autor e especialista em vendas, tecnologia e estratégias de comunicação. Ele explicou por que o termo foi eleito a palavra do ano pela Universidade de Oxford e como esse comportamento tem influenciado profundamente a dinâmica das redes sociais e, consequentemente, da sociedade.

O que é rage bait e por que o termo ganhou destaque

O rage bait se refere à produção de conteúdos feitos com o objetivo de provocar indignação, irritação ou reações negativas intensas nos usuários. A lógica é simples: quanto mais raiva o vídeo desperta, mais comentários, compartilhamentos e visualizações ele recebe — e maior é a monetização dos criadores.

Reginaldo destaca que o fenômeno não é novo, mas ganhou robustez com algoritmos que privilegiam o engajamento emocional. “É o espírito do tempo. O digital mudou o nosso comportamento e nós mudamos o comportamento do digital”, afirmou.

Exemplos que viralizam pela provocação

Durante a entrevista, o especialista citou dois perfis que ilustram esse tipo de conteúdo:

  1. Nicollas das Rotina
    Jovem que cria vídeos exibindo supostas rotinas excêntricas, como preparar refeições improváveis, geralmente vistas como desagradáveis ou feitas de modo anti-higiênico. O objetivo é desencadear críticas e comentários indignados.
  2. Perda de Tempo Oficial
    Perfil em que o criador executa tarefas absurdamente ineficientes — como varrer um quintal inteiro usando um pequeno pincel ou comer um bolo inteiro com um palito de dente — apenas para estimular reações negativas.

Segundo Reginaldo, o impacto na audiência é direto: “As pessoas ficam para xingar, rir ou criticar. E isso gera visualizações e, consequentemente, dinheiro.”

O efeito social do conteúdo que incentiva o ódio

O especialista alerta que esse comportamento digital ultrapassa a tela. “Quando você vê pessoas xingando o tempo todo, acaba achando normal agir da mesma forma. Há um efeito cascata no comportamento social”, disse.

Ele também mencionou que esse tipo de dinâmica aparece na política e em formatos de entretenimento que incentivam confrontos, como debates acalorados ou programas com opiniões opostas colocadas propositalmente em conflito.

A palavra do ano e seus concorrentes

Reginaldo lembrou que rage bait superou outros termos analisados por Oxford:

  • Aura farming: criação de personas online que não correspondem à realidade.
  • Biohack: práticas extremas voltadas a modificar o corpo.

Para ele, a escolha de rage bait como palavra do ano é “acertada e representativa do momento digital que vivemos”.

Entretenimento, exagero e provocação

No encerramento, a entrevista abordou ainda exemplos humorísticos, como produções feitas por inteligência artificial que reforçam rivalidades esportivas — outro campo fértil para a isca de raiva. Apesar do tom descontraído, o especialista reforçou que o fenômeno merece atenção, pois influencia diretamente como indivíduos se relacionam, opinam e reagem no ambiente digital.


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