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Economista alerta para alta no preço dos alimentos

Economia
Inflação dos alimentos no Brasil cresce acima da média, impactando a população e desafiando medidas do governo
Foto: Ilustração / Envato

Economia

Economista alerta para alta no preço dos alimentos

Inflação dos alimentos supera a média nacional e preocupa economistas, enquanto o governo busca alternativas para conter a alta

A alta dos preços dos alimentos no Brasil tem sido um problema persistente e supera a inflação média nacional nos últimos 20 anos. De acordo com o economista Murialdo Gastaldon, em entrevista à Rádio Cidade em Dia, a inflação geral do país gira em torno de 5,4% ao ano, enquanto o preço dos alimentos tem subido cerca de 7,3%, resultando em um aumento de 40% acima da média.

Gastaldon explica que essa elevação não é apenas um reflexo das políticas econômicas, mas também de fatores climáticos e do mercado internacional. “O preço da comida cresce constantemente e isso impacta de maneira desigual a população. Quem ganha 20 ou 30 salários mínimos consegue absorver esse aumento sem grandes dificuldades. Já as famílias de classe média e baixa sofrem diretamente com essa alta nos supermercados”, afirmou.

Impacto das mudanças climáticas e do mercado internacional

A seca severa de 2024, considerada a pior dos últimos 70 anos, comprometeu a produção agrícola brasileira, especialmente a safra de café. “O Brasil e o Vietnã, dois dos maiores produtores do mundo, enfrentaram perdas significativas. No Vietnã, por exemplo, a produção caiu 30%. Isso fez com que os preços internacionais subissem, e os estoques brasileiros fossem vendidos para o mercado externo, encarecendo o produto internamente”, explicou o economista.

Outro exemplo citado foi o do mercado de ovos, que sofreu impacto global com a gripe aviária nos Estados Unidos. “Foram eliminadas mais de 130 milhões de galinhas nos EUA. Em alguns estados, um único ovo chegou a custar mais de um dólar. Isso cria uma demanda ainda maior no mercado internacional, refletindo também nos preços do Brasil”, pontuou Gastaldon.

Medidas do governo e possíveis efeitos

O governo federal anunciou algumas ações para conter o aumento dos alimentos, como a redução de impostos sobre importação de produtos como carne, azeite e sardinha. No entanto, Gastaldon avalia que tais medidas podem ter impacto limitado. “O problema é que a comida não está cara só no Brasil, mas no mundo todo. Se os preços internacionais estão elevados, essa redução de impostos pode não ser suficiente para gerar um alívio real no bolso do consumidor”, analisou.

Uma das principais apostas do governo é o fortalecimento da agricultura familiar, por meio do Plano Safra. “O incentivo à produção de feijão e outros alimentos menos dependentes da exportação pode ajudar no abastecimento interno, mas isso leva tempo para dar resultado”, disse o economista. Outra expectativa é a isenção de tributos sobre os itens da cesta básica, prevista para 2027. “Essa medida pode ter um impacto significativo, pois além dos impostos federais, também há tributos estaduais que pesam bastante sobre os preços”, destacou.

O Impacto na população

A alta dos alimentos afeta mais diretamente as classes média e baixa, que têm um percentual maior da renda comprometida com alimentação. “Não podemos responsabilizar a população mais pobre por esse aumento. Houve uma melhora na capacidade de compra nos últimos anos, mas a produção de alimentos não acompanhou essa demanda”, afirmou Gastaldon. Ele reforça que políticas eficazes devem focar no equilíbrio entre oferta e demanda.

“O problema não é apenas interno. Países como a China tiraram milhões de pessoas da pobreza, o que aumentou a demanda global por alimentos. Isso pressiona os preços de forma geral. Mas não podemos aceitar a narrativa de que os preços subiram porque as pessoas passaram a comer mais. O problema está na falta de planejamento para garantir uma oferta compatível com o consumo”, explicou o economista.

Expectativas para o futuro

Gastaldon também destacou que o cenário internacional pode continuar influenciando os preços dos alimentos. “Os Estados Unidos, por exemplo, estão adotando medidas protecionistas, aumentando tarifas sobre importações, o que pode afetar a economia global e, consequentemente, o Brasil”, disse.

Para o economista, o Brasil precisa investir mais na produção interna e no planejamento de longo prazo para evitar crises futuras. “Se tivéssemos ampliado o incentivo à agricultura familiar antes, hoje teríamos um estoque maior de alimentos para atender a população com preços mais acessíveis”, concluiu.

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