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Há um mês… habemus papam!

Denis Luciano
Papa Leao

Denis Luciano

Há um mês… habemus papam!

O relato de quem esteve no Vaticano e conferiu de perto a atmosfera da apresentação do Papa Leão XIV ao mundo

Eram 18h07min no Vaticano quando ela saiu densa, sem deixar dúvidas que se tratava do “fumo bianco”, como gritaram as centenas de italianos à minha volta na Praça São Pedro naquele agradável fim de tarde de 8 de maio de 2025.

A fumaça branca sinalizava que, depois de três votações, o quarto escrutínio havia alcançado o número mágico e, então, tínhamos um Papa. Era meu segundo dia de plantão diante da Santa Sé e já estava a minutos de alcançar o objetivo maior, transmitir para Santa Catarina de quem se trataria o novo Sumo Pontífice.

Não foi Pietro Parolin, como especulamos tanto. Mas ele até esteve próximo. O Conclave é um rito tão sagrado que consegue, em tempos de tanta comunicação e fofoca, manter-se fechado em si mesmo.

Papa Leao Audiencia

Até insinuou-se que o cardeal Raymond Burke “destruiu” a “candidatura Parolin” com a contundente crítica ao acordo intermediado pelo colega italiano ainda nos tempos do Papa Francisco, em relação a políticas do Vaticano com a China. Esse fator pode até ter pesado para desidratar Parolin, mas longe de uma destruição.

A Igreja Católica busca os menores danos, ou os maiores ganhos. O alegado sopro do Espírito Santo na influência aos cardeais votantes, tão enaltecido pelos próprios, está distante da nossa realidade espectadora, mas coisas que acontecem na Praça São Pedro não deixam mentir que “há algo no ar” em relação ao ambiente da Capela Sistina.

Relativamente próxima de onde ficamos, no meio do povo, a capela faz emanar, a partir de seus corredores em direção à magnífica Basílica de São Pedro e, de seus janelões, para a praça, o sentimento de que algo não palpável embrulha o que está por ser entregue.

Há uma emoção indecifrável no ar. Imaginar que aqueles instantes que sucedem a fumaça, que fumegou de branco o céu do Vaticano e de parte de Roma por cerca de 10 minutos, são a fração de tempo em que um homem, de carne e osso como nós, aceita mudar de nome, abrir mão de seus hábitos e entregar-se a uma missão que faria desabar os ombros da maioria da humanidade.

Papa Leao Missa

Eram 14h23min, na hora brasileira, meu relógio marcava 19h23min na Praça São Pedro quando, como os outros 100 mil que partilhavam aquele espaço comigo, e os milhões mundo afora, olhamos para o mesmo lugar: a sacada na qual ele chegou Robert Prevost e ali mudou para Leão XIV.

A despeito das dúvidas de vários que me cercavam, tive a sorte de decifrar de pronto o anúncio feito instantes antes pelo cardeal francês Dominique Mamberti, que entrou para a história pronunciando o emblemático “habemus papam”.

Os anos de autodidata nas questões do Vaticano, lendo histórias de Papas e vendo filmes correlatos, além do semestre que estudei Latim lá em 2000 no curso de Letras da Furg, em Rio Grande, me nutriram uma certa simpatia pelo Latim. Por isso, de pronto fui tomado pela surpresa que inundou a todos quando vimos um grisalho que, entre o tenso e o leve, apareceu diante de nós como Leão XIV.

Tendo a primazia de poder compartilhar a primeira impressão com os que repartiam os metros quadrados aquela grande praça, gostei do novo Papa assim que o vi. O nervosismo latente dele o fazia muito humano. As palavras que vieram a seguir, muito nossas, principalmente ao tratar da paz como uma prioridade universal.

Há um mês, Leão entrou em nossas vidas para sair quando Deus quiser, e ser mais um a cumprir esse desígnio tão divino quanto pesado: carregar uma Igreja de mais de 1,2 bilhão de fiéis até o último dos seus dias.

Denis Com Jornal

Com a edição histórica do Observatório Romano, o jornal do Vaticano apresentando Leão XIV

Como testemunha ocular dessa história, estou me encarregando de escreve-la para a posteridade. Espero em breve, se Deus me permitir, entregar este presente a vocês.

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