Movimento LGB anuncia separação do LGBTQIA+ e quer foco apenas em orientação sexual

Organização LGB Internacional anuncia independência e diz que defenderá apenas pautas ligadas à orientação sexual.

Joca Baggio

Publicado em: 7 de outubro de 2025

6 min.
Movimento LGB anuncia separação do LGBTQIA+ e quer foco apenas em orientação sexual - Foto: Freepik/Imagem Ilustrativa

Movimento LGB anuncia separação do LGBTQIA+ e quer foco apenas em orientação sexual - Foto: Freepik/Imagem Ilustrativa

Um vídeo publicado pela LGB Internacional — organização que conta com representação no Brasil — oficializou o rompimento da comunidade LGB (lésbicas, gays e bissexuais) com o movimento LGBTQIA+, que também reúne transexuais, queer, intersexuais, assexuais e outras identidades.

A gravação, que já soma quase 12 milhões de visualizações nas redes sociais, marcou o anúncio da “independência LGB” e defendeu a separação entre as pautas de orientação sexual e identidade de gênero.

De acordo com o grupo, a iniciativa busca preservar o foco nas causas de lésbicas, gays e bissexuais, deixando de lado temas relacionados à identidade de gênero e transição sexual.

“Queremos falar de orientação sexual, não de gênero”, diz representante brasileira

A LGB Internacional foi formalizada em setembro de 2025 e já está presente em 18 países. No Brasil, o movimento é representado pela Aliança LGB Brasil, dirigida por Mariele Gomes, que explica o motivo da cisão.

“Misturar as pautas LGB com questões de identidade de gênero é prejudicial para nós, porque promove o apagamento da nossa orientação sexual, que é baseada no sexo biológico, e não numa identidade subjetiva”, afirma Mariele.

Segundo ela, a diferença central está na definição entre sexo e gênero.

“Para nós, o sexo é uma realidade biológica imutável, dividida entre macho e fêmea. Ao substituir o sexo por gênero, apaga-se a definição do que é mulher e homem e, consequentemente, a de orientação sexual”, complementa.


Movimento retoma ideia iniciada no Reino Unido

A LGB Internacional é uma expansão global da LGB Alliance, criada no Reino Unido em 2019. A proposta das duas entidades é semelhante: atuar na defesa de direitos de lésbicas, gays e bissexuais, mas sem alinhamento ao ativismo trans e queer.

Para as organizações, a mistura das causas dentro do movimento LGBTQIA+ teria diluído o foco original — que seria a defesa dos direitos relacionados à orientação sexual e à liberdade de relacionamento entre pessoas do mesmo sexo.

Em publicação recente, a Aliança LGB Brasil afirmou que associar pautas LGB a temas como transição de crianças, linguagem neutra e redefinição de termos como “mulher” e “mãe” tem causado rejeição pública e prejuízo às pautas originais do movimento homossexual.

“As pessoas rejeitam o que não entendem. E acham que lésbicas, gays e bissexuais concordam com tudo isso, o que não é verdade”, diz o comunicado oficial.

O lançamento da campanha ocorreu em meio a debates sobre a participação de atletas transexuais em competições femininas no Brasil.

No início de setembro, durante um campeonato amador de futebol feminino em Campo Grande (MS), uma equipe se recusou a entrar em campo após o time adversário escalar uma atleta trans.

A técnica Bárbara Augusta Santana, responsável pela equipe Leoas, afirmou que não colocaria suas jogadoras em risco físico:

“Aquela pessoa continua tendo formação biológica masculina, é mais rápida e mais forte. Não posso comprometer a integridade das minhas atletas”, disse.

O episódio gerou forte repercussão, e a equipe Fênix, que havia escalado a jogadora trans, acusou as adversárias de transfobia.

Uma divisão que reacende o debate

A cisão entre LGB e LGBTQIA+ tem causado divisão dentro do movimento pelos direitos sexuais e de gênero. De um lado, a LGB Internacional argumenta que a identidade de gênero não deve se sobrepor à orientação sexual; de outro, ativistas LGBTQIA+ criticam a decisão, dizendo que ela fragiliza a luta por igualdade e diversidade.

Enquanto o debate cresce, o movimento LGB afirma que continuará atuando em pautas de igualdade civil, combate à discriminação e preservação da liberdade de expressão sexual, sem abordar temas ligados à identidade de gênero.


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