Itajaí
Justiça condena homem que agrediu torcedor na Arena Joinville a mais de quatro anos de reclusão
Torcedor acusado de atentar contra a vida de um homem durante jogo do Campeonato Brasileiro de Futebol, na Arena Joinville, foi condenado por agredir a vítima enquanto estava desacordada durante uma briga entre torcedores vascaínos e atleticanos
Em 2013, uma partida de futebol entre os clubes Atlético Paranaense e Vasco da Gama, válida pela última rodada do Campeonato Brasileiro daquele ano, acabou em uma briga generalizada na Arena Joinville, com dezenas de pessoas feridas. Entre as vítimas, um torcedor da equipe paranaense, que durante a confusão levou um soco e desmaiou. Enquanto estava desacordado, um integrante da torcida vascaína o agrediu com pisões e chutes, tentando tirar sua vida.
O episódio violento, ocorrido há mais de 10 anos na cidade catarinense, terminou na condenação do réu Naohiro de Lira Tamura. O agressor foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por tentativa de homicídio duplamente qualificado – motivo fútil e emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima ainda em 2014. No entanto, o processo se arrastou por mais de uma década.
Conforme relata a ação penal pública ajuizada pelo MPSC, em 8 de dezembro de 2013, “no Estádio Arena Joinville durante o jogo de futebol entre os clubes Atlético Paranaense e Vasco da Gama, começou uma briga generalizada nas arquibancadas entre torcedores dos dois clubes. Eles invadiram as linhas divisórias das torcidas e partiram para o embate físico.”
Segundo consta nos autos, durante a confusão, um torcedor do Clube Atlético Paranaense recebeu um violento soco no rosto, que o fez cair desacordado entre as duas fileiras das arquibancadas. O réu, ao perceber que a vítima estava caída, sem reação, se aproximou e desferiu um violento pisão na nuca dela com o objetivo de quebrar-lhe o pescoço.
A denúncia descreve, ainda, que, mesmo diante da presença da Polícia Militar, que chegava ao estádio para separar os torcedores, Naohiro chutou a cabeça da vítima, que permanecia imóvel. A morte só não teria ocorrido porque a Polícia Militar começou a disparar tiros de borracha na direção do acusado, o que o impediu de continuar as agressões contra a vítima, que foi retirada do local.
O promotor de Justiça Marcelo Sebastião Netto de Campos, titular da 23ª Promotoria de Justiça da Comarca de Joinville, sustentou que “a tentativa de homicídio foi praticada por motivo fútil, devido a mera divergência e intolerância aos torcedores do time adversário”. Ele disse que o réu agrediu a vítima de forma violenta enquanto estava caída e desacordada, não podendo esboçar qualquer reação defensiva.
A sessão do Tribunal do Júri que condenou Naohiro aconteceu nesta quinta-feira e os jurados acolheram as teses do Ministério Público e a pena foi fixada em quatro anos, dez meses e cinco dias de reclusão em regime fechado. O réu foi ouvido e acompanhou o julgamento por videoconferência, pois cumpre pena no Rio de Janeiro por crime cometido em 2019. Cabe recurso da decisão, mas o réu não terá direito de recorrer em liberdade.
Condenação em outros crimes
Em 2019, o réu Naohiro de Lira Tamura, com outros dois torcedores do Vasco da Gama, foi condenado a 18 anos de reclusão pela morte de um torcedor flamenguista de 24 anos. O crime ocorreu em outubro de 2017, após uma briga entre as duas torcidas organizadas em Tenente Jardim, Niterói, Rio de Janeiro, horas antes de o jogo começar.