Denis Luciano
Seis candidatos a prefeito em Criciúma. É bom pra quem?
Para o prefeito Salvaro, cenário é positivo para Vaguinho. Ele avalia divisão na oposição
Conversei com Clésio Salvaro antes de começar a convenção do PSD e aliados, e com essa pergunta na ponta da língua. Quem ganha com seis candidatos a prefeito em Criciúma? O prefeito entende que a vantagem é de quem está no governo. “Afinal, quem é governo, é governo”, resume.
Ou seja, pela lógica de Salvaro, as convenções recém finalizadas em Criciúma indicam para uma vantagem do seu candidato. “É bom para a cidade ter seis candidatos”, avalia o prefeito. “São mais propostas, mais ideias”. Mas o que ele não verbaliza nas entrevistas é que são, também, mais na oposição, dividindo potenciais votos contrários.
E isso, numa eleição de um turno, pode ser crucial. Por isso que, somadas as convenções, há duas avaliações de bastidores não muito vantajosas para o PL. Primeiro que não ter coligado com vice de outro partido pode de fato ser um problema para Ricardo Guidi. Segundo, que Salvaro torceu para que o PL não escolhesse um slogan associado a Bolsonaro para nominar a chapa, e não escolheram. Daí, veio o “Criciúma acima de tudo” adotado por Vaguinho.
Mas Guidi tem um trunfo que é seu: a possível vinda de Bolsonaro. É consenso nos bastidores que, se o ex-presidente realmente passar por Criciúma na campanha eleitoral, a parada fica muito difícil para Vaguinho e os demais. Não é por acaso que, além do slogan assemelhado ao que o bolsonarismo carrega, o candidato do PSD vestiu uma camisa polo amarela da CBF, e a convenção do PSD esteve coberta das cores da bandeira nacional.
Pela mesma lógica de Salvaro em relação a “quem é governo, é governo”, Arlindo Rocha (PT) pode se imaginar dono solitário dos votos da esquerda. Mas são quantos esses votos? São capazes de que em Criciúma? Em uma cidade tão à direita, o trabalho de Arlindo colado em Lula dirá nas próximas semanas.
Paulo Ferrarezi terá uma dura missão, tanto quanto Júlio Kaminski. São jornadas semelhantes, na verdade. Dois vereadores, em partidos que são verdadeiras bandeiras históricas mas que estão longe de seus melhores momentos, e que não dispõem dos recursos e até do prestígio do passado. De onde eles tiram votos? De Vaguinho ou Guidi? Um lado aposta que eles tiram do outro.
Hoje, em um breve (e arriscado) jogo de futurologia, diante dos sinais expostos, o favoritismo segue uma ordem simples: Guidi e Vaguinho. Depois, numa ordem, Arlindo, Ferrarezi, Kaminski e Godinho. Não é pesquisa, é feeling. Que pode estar errado, claro. E esse é o bom dessa eleição, a fartura que ela oferecerá.
A lembrar que atas ainda podem ser modificadas. Todas as executivas foram autorizadas por suas convenções a mudanças, e isso pode acontecer até o dia 15. Então, talvez o cenário de hoje não seja ainda o da urna.
Os candidatos:
Arlindo Rocha (PT) e Mariana Sartor (PSol). Coligados: PCdoB, PV e Rede.
Jorge Godinho (Solidariedade) e Graziela Fraga (Solidariedade).
Júlio Kaminski (PP) e Irani Alberton (PP).
Paulo Ferrarezi (MDB) e Dr. Aníbal (MDB).
Ricardo Guidi (PL) e Acélio Casagrande (PL). Coligados: Republicanos e PRD.
Vagner Espíndola (PSD) e Salésio Lima (PSD). Coligados: PSDB, Cidadania, PDT, União Brasil e Podemos.