Denis Luciano
PL mais MDB: nem tudo são flores nessa parceria
O clima não poderia ter sido de maior camaradagem no evento da tarde desta quarta-feira (5), em Florianópolis, no qual o governador Jorginho Mello (PL) empossou os deputados emedebistas Carlos Chiodini na Secretaria de Agricultura e Pecuária e Emerson Stein no Meio Ambiente.
Ficou evidente o clima de aliança no ar. Stein reconheceu isso, dizendo que “é uma parceria evidente”. Chiodini, como presidente estadual dos emedebistas, tentou minimizar, dizendo que é algo “para ser analisado mais adiante”. Oras, o próprio Chiodini quer ser o vice de Jorginho em 2026. Todos que estavam no Teatro do CIC sabem disso.
Jorginho, no ápice de sua habilidade, enalteceu o saudoso Luiz Henrique da Silveira, afirmando que o saudoso líder, que teria completado 85 anos na última semana, estaria “faceirão” com a parceria. E o discurso da viúva e senadora, dona Ivete da Silveira, pôs a cereja no bolo: “é um movimento que amplia nossa confiança no governador”.
Mas há descontentes nos dois lados. Os autênticos do 15 e do 22 não conseguem ver a mistura que Jorginho tenta empreender para 2026. No lado do MDB, a ausência do deputado estadual Antídio Lunelli ao ato deu o tom. Pelo PL, basta citar as constantes posturas críticas de líderes criciumenses como o deputado estadual Jessé Lopes e a deputada federal Júlia Zanatta para perceber que “nem tudo são flores” em eventual palanque único das duas siglas.
Sobre Antídio, é preciso lembrar um contundente discurso feito na última semana na Câmara de Criciúma, onde o jovem vereador Marcos Machado (MDB) afirmou que o deputado representa “o que Santa Catarina quer e precisa”. Ele estimou Antídio a correr o estado, bater nas portas dos diretórios, mexer com as bases e construir a sua candidatura a governador.
Marcos foi além. Disse que não há problemas em o MDB ser governo, pois “sempre foi o partido da governabilidade”, mas que isso não significa “assinar um contrato para 2026” pois “quem entra com seu time para ser vice, termina sendo nada”.
Com um velho livrinho do Plano 15, o vereador aproveitou para lembrar Luiz Henrique. Leu uma carta do então senador na qual ele conclamava o MDB a “se indignar e romper com padrões velhos”. Sugeriu à cúpula que ouça antigos líderes, e citou Eduardo Moreira, Ronaldo Benedet, Ada de Luca e Paulo Meller mas que, com todo o respeito aos deputados, o partido “vem tomando decisões que não agradam às bases”.
Ainda na fala forte de provocação aos brios do MDB na semana passada, o vereador Marcos Machado aproveitou para, da tribuna, fazer um convite ao suplente de vereador Marlon Zappelini (PL) para migrar. “Você é bem-vindo no MDB”. É um assédio a um líder bem votado do PL.
Recebo o vereador Marcos Machado nesta quinta-feira, no Em Dia com a Cidade, quando aprofundaremos essa leitura sobre o momento e o futuro do MDB a partir desta adesão de parte do partido ao governo Jorginho.