Criciúma: Prisão de Clésio vira trunfo e dá liderança a Vaguinho sobre Guidi
Da cadeia, Salvaro garante 12 pontos de vantagem para Vaguinho
Deu o inesperado. O candidato Vaguinho Espíndola (PSD), que no início de agosto estava 16 pontos atrás de Ricardo Guidi (PL), agora lidera com 12 pontos de vantagem, conforme apontado pela mais recente pesquisa do Instituto de Pesquisa Catarinense (IPC), divulgada pela Rádio Som Maior nesta segunda-feira (16). Vaguinho aparece com 41,8% das intenções de voto, enquanto Guidi tem 29,7%. Inesperado por que a virada veio justamente no momento em que seu principal cabo eleitoral está preso.
A virada contrariou projeções iniciais, surpreendendo tanto eleitores quanto analistas políticos. Mesmo detido, sem poder participar ativamente da campanha ou estar ao lado de Vaguinho nas ruas, Clésio Salvaro continua a ser um fator decisivo nas eleições. A prisão, longe de ser um golpe final para o grupo político que ele lidera, foi transformada em uma narrativa de injustiça e perseguição política, capitalizada com habilidade pela equipe de Vaguinho.
Gaeco e a estratégia de resistência
Nos bastidores, a campanha de Vaguinho sempre caminhou com uma aura de mistério e tensão. Desde o início, havia rumores de que o Gaeco atingiria Criciúma, e que o prefeito Clésio Salvaro estaria no centro das investigações. Outros candidatos, como Júlio Kaminski (PP), Arlindo Rocha (PT) e Paulo Ferrarezi (MDB), que se recusaram a formar coligações, viam nas investigações uma oportunidade de crescer. A operação, no entanto, teve um efeito contrário.
Quando o Gaeco realizou a primeira fase da operação, apreendendo documentos na casa de Salvaro, muitos previam que o impacto seria grande. Na segunda fase, a prisão de Salvaro parecia ser o golpe definitivo que levaria ao fim da campanha do governo. No entanto, o grupo político de Vaguinho foi rápido em reagir.
A estratégia foi transformar Salvaro em vítima de uma prisão política injusta. A esposa de Salvaro começou a aparecer na propaganda eleitoral, criticando os adversários por explorarem a prisão do prefeito. Vaguinho, por sua vez, exigiu que Ricardo Guidi pedisse desculpas a Salvaro durante um dos debates. O números mostram que deu certo.
A “campanha à distância” de Clésio Salvaro
Sem poder apertar as mãos de eleitores ou aparecer ao lado de Vaguinho, Salvaro, da cadeia, se tornou uma presença constante na campanha. Mesmo preso, a figura de Salvaro continua a ter impacto sobre os eleitores de Criciúma, especialmente entre aqueles que veem sua prisão como uma injustiça. A nova pesquisa do IPC revela que Vaguinho não só superou Guidi, como abriu uma vantagem confortável.
No levantamento espontâneo, onde os eleitores mencionam seus candidatos sem opções apresentadas, Vaguinho aparece com 32,4%, enquanto Guidi tem 24,8%. Números não mentem: a prisão de Salvaro não prejudicou a campanha, mas, pelo contrário, fortaleceu a candidatura de Vaguinho, que se posicionou como o herdeiro natural da gestão Salvaro, apostando na continuidade.
Outro que chama a atenção é o índice de rejeição dos candidatos. Ricardo Guidi é o segundo candidato mais rejeitado, com 16,3%, enquanto Vaguinho, com apenas 7,1%, se mostra o candidato com maior potencial de conquistar eleitores indecisos. A rejeição a Guidi, combinada com os desdobramentos da prisão de Salvaro, pode ter sido a combinação que impulsionou Vaguinho à liderança.
A reação de Vaguinho após a virada
Após a divulgação da pesquisa, a assessoria de Vaguinho divulgou os resultados e reforçou a leitura aqui descrita: “a virada é uma confirmação de que os eleitores de Criciúma não aceitam injustiças”. Para o candidato, a vantagem de 12 pontos mostra que a população apoia a continuidade do trabalho iniciado por Salvaro.
“O povo criciumense está conosco. Essa pesquisa é mais uma prova do que estamos dizendo desde o início da campanha, uma campanha baseada em propostas reais e possíveis. O povo criciumense não se dobra a injustiças, não aceita prisões políticas e nem desmandos dos poderosos. Nós representamos a continuidade do governo do prefeito Clésio Salvaro, que tanto vem dando certo, e acreditamos que essa virada só tende a crescer, porque os cidadãos confiam no trabalho técnico, justo e propositivo que queremos continuar fazendo”, avaliou Vaguinho.
A tentativa de impugnação e o futuro da disputa
Enquanto Vaguinho comemora, Ricardo Guidi e a equipe tentaram impugnar a divulgação da pesquisa do IPC, alegando falhas metodológicas. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) rejeitou o pedido de Guidi e autorizou a divulgação dos números, mantendo o levantamento válido. A tentativa de impugnação, somada ao fato de que Guidi havia elogiado as pesquisas anteriores do IPC quando estava à frente, soou estranho.
Com 12 pontos de desvantagem, Guidi enfrenta agora o desafio de reverter um cenário eleitoral que já parecia consolidado em seu favor até poucas semanas atrás. Com menos de um mês até as eleições, as chances de nova reviravolta ainda existem, mas Vaguinho entra na reta final com o favoritismo ao seu lado.
E a prisão de Clésio Salvaro, que muitos acreditavam ser o ponto final da campanha governista, se tornou o maior trunfo de Vaguinho Espíndola. A estratégia de transformar Salvaro em vítima de uma prisão injusta rendeu frutos e, com 12 pontos de vantagem sobre Ricardo Guidi, Vaguinho caminha agora com vantagem na corrida eleitoral.