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‘Empreguinho de R$ 9 mil’, diz vereador de Tubarão debochando de trabalhadores

Kelley Alves
Tancredo

Kelley Alves

‘Empreguinho de R$ 9 mil’, diz vereador de Tubarão debochando de trabalhadores

‘Empreguinho de R$ 9 mil’, diz vereador de Tubarão debochando de trabalhadores

Enquanto Tancredo considera R$ 9 mil insuficientes para um secretário, o trabalhador brasileiro encara outra realidade

Continua repercutindo a fala do vereador José Luiz Tancredo. Sim, aquele que disse na tribuna que “não adianta colocar um empreguinho de R$ 9 mil/mês para fazer um trabalho paliativo”. A defesa do aumento dos subsídios para secretários municipais, gerentes e vice-prefeito de Tubarão, sob a justificativa de atrair profissionais qualificados, não se sustenta diante do peso que recai sobre os trabalhadores e empresários que efetivamente sustentam a máquina pública.

Veja abaixo um comparativo detalhado.

[VÍDEO] Vereador afirma que nenhum secretário trabalha por menos de R$ 9 mil em Tubarão

 

Vamos falar de números

Enquanto Tancredo considera R$ 9 mil insuficientes para um secretário, o trabalhador brasileiro encara outra realidade. Com o salário mínimo de R$ 1.412,00 vigente em 2024, é preciso pagar aluguel, alimentação, transporte e outras necessidades básicas. Em Tubarão, um aluguel médio de R$ 1.500 a R$ 2.500 consome 106% a 177% do salário mínimo, tornando inviável sequer ter uma moradia digna sem comprometer o básico.

Já o salário defendido por Tancredo equivale a 6,5 salários mínimos. Significa que, para um trabalhador que recebe o mínimo, seriam necessários 6,5 anos para acumular o valor de um ano de trabalho de um secretário. Para professores da rede pública estadual, cuja remuneração inicial gira em torno de R$ 5.000,00, o valor do “empreguinho” é quase o dobro da realidade – mesmo sendo uma categoria fundamental para o desenvolvimento de qualquer sociedade.

E para o Empresário?

Os empresários, que geram empregos e riqueza no município, também amargam a desproporcionalidade. Um pequeno empresário enquadrado no Simples Nacional paga entre 4% e 22,9% da receita bruta em impostos, dependendo do setor. Já empresas de médio porte, no regime de Lucro Presumido, têm uma carga efetiva que pode chegar a 16,33% da receita, além dos custos de operação.

Por exemplo, para um pequeno negócio que fatura R$ 50 mil por mês, a carga tributária pode variar de R$ 2.000 a R$ 11.450, montantes que comprometem a sobrevivência da empresa. Isso ajuda a explicar por que 30% das empresas fecham antes de completar 5 anos, segundo o Sebrae.

Enquanto isso, o salário líquido de R$ 9.200 de um secretário equivale a 18% do faturamento bruto mensal desse empresário, sem considerar os custos de aluguel, energia, folha de pagamento e tributos que o empreendedor precisa enfrentar.

Uma sugestão, vereadores

E se em vez de lutar por aumentos salariais para cargos públicos, os vereadores buscassem, por exemplo, a redução de tarifas e impostos sobre empresas, permitindo mais fôlego para que elas permaneçam operando, gerem mais empregos e, de quabra, aumentem a arrecadação do município? Um ambiente econômico mais saudável resultaria em maior prosperidade para todos, inclusive para a própria prefeitura. Ou não?

Mas a realidade é esta. Enquanto a classe política defende aumentos, trabalhadores e empresários carregam o peso de um sistema que parece beneficiar apenas alguns. E olha que coincidência: os que definem as regras do jogo.
A fala de Tancredo não é apenas insensível; é um reflexo do abismo entre a realidade vivida por quem está nas ruas e as decisões tomadas por quem ocupa os gabinetes.

Fica a pergunta no ar. Afinal, a responsabilidade do serviço público é servir? Ou se servir?

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