Connect with us
SCTODODIA

SCTODODIA

‘Não acredito que demorou’: diz empresário sobre operação

Cotidiano
Empresário Paulo Reichle em entrevista a Rádio Cidade em Dia, sobre a operação envolvendo o serviço funerário em Criciúma
Foto: Pedro Passos / Rádio Cidade em Dia

Cotidiano

‘Não acredito que demorou’: diz empresário sobre operação

A Operação Caronte, que investigou o processo licitatório do serviço funerário em Criciúma entre 2022 e 2023, resultou na prisão de sete pessoas

A Operação Caronte, que investigou o processo licitatório do serviço funerário em Criciúma entre 2022 e 2023, resultou na prisão de sete pessoas e visou combater uma possível organização criminosa envolvida em delitos contra a administração pública, licitações e lavagem de dinheiro.

Demora na operação

O empresário do setor funerário, Paulo Reichle, comentou sobre os detalhes do processo licitatório, em entrevista ao programa Em Dia Com a Cidade, da Rádio Cidade em Dia. Segundo Reichle, a demora na operação era previsível devido às complexidades envolvidas. “Eu não acredito que demorou, porque são coisas que exigem tempo para que as ações possam ser efetivas. Mas a gente sabia que isso ia acontecer, pois já vinha se desenhando desde o início, desde as mudanças forçadas pela prefeitura no setor funerário”, afirmou Reichle.

Redução no número de funerárias

Ele criticou a decisão de reduzir o número de funerárias de seis para quatro. “Em abril e maio de 2022, houve um trabalho da Prefeitura, junto à Câmara de Vereadores, para a mudança de uma legislação que reduzia o número de funerárias de seis para quatro. Em um serviço onde a concorrência é importante para ter mais alternativas de escolha, reduzir o volume em 30% é muito significativo.”

Reichle ressaltou que, apesar do esforço de diversos vereadores para manter o número de seis empresas prestadoras de serviço, a Prefeitura prevaleceu. “Embora diversos vereadores tenham trabalhado para manter o número de seis empresas prestadoras de serviço, foram vencidos pela parte da Prefeitura. A Prefeitura pressionou para que isso acontecesse, com a presença marcante do Bruno Ferreira na Câmara na época”, explicou.

Problemas no edital

O empresário também destacou problemas com o edital de licitação. “Foi uma ilusão apresentada às empresas que entraram no setor funerário. Essas empresas, atuando nas regiões envolvidas, acreditaram em números fantasiosos. Na época, alertamos que os números oferecidos no edital de licitação não correspondiam à realidade. Documentos que comprovam essa discrepância estão na prefeitura, mas foram deixados de lado”, contou Reichle.

Reichle fez críticas à gestão do processo licitatório pela Secretaria de Assistência Social. “É importante esclarecer que o setor de licitações de Criciúma não foi diretamente envolvido nesse processo. A responsabilidade foi assumida pela Secretaria de Assistência Social, que centralizou o processo e direcionou todos os questionamentos para si. Quando procuramos o setor de licitações para esclarecimentos, fomos constantemente redirecionados para a Secretaria de Assistência Social”, detalhou.

Ele também apontou que a Secretaria de Assistência Social, ao assumir o comando do processo, causou dificuldades. “Enquanto o setor de licitações é especializado em processos dessa natureza, a Secretaria de Assistência Social tomou para si o comando do processo licitatório. Isso gerou uma sensação de barreira, pois o setor de licitações não teve acesso às informações e não participou ativamente do processo, ao contrário do que deveria ter ocorrido”, explicou Reichle.

Complexo funerário

Reichle ainda comentou sobre a inauguração do complexo funerário. “Infelizmente, lembrando da inauguração do complexo funerário — que, aliás, não deveria existir ainda, pois a lei previa que o complexo só deveria funcionar na obra que ainda não está pronta, próxima ao cemitério — o prefeito Salvaro declarou em alto e bom tom que havia rompido um quartel”, disse o empresário.

Diferença no atendimento

O empresário enfatizou a importância do atendimento personalizado no setor funerário. “Porque remete à dor, ao sofrimento, a momentos difíceis que enfrentamos na vida. Porém, eles são cruciais exatamente por serem dessa forma. É necessário falar sobre perdas, como processá-las e qual a responsabilidade do prestador de serviço, do agente público e da família nesse momento. Há muita responsabilidade, pois são memórias que serão trabalhadas, pessoas que serão homenageadas. E não pode ser tratado com desdém, como tem sido desde o início do processo de licitação”, afirmou Paulo.

Por fim, Reichle criticou o modelo de negócios que, segundo ele, não corresponde à realidade da cidade. “Entendo que as funerárias prestadoras de serviço foram inicialmente ludibriadas pelo edital. Foram induzidas a aceitar números inflacionados porque a prefeitura tinha interesse na captação de recursos. Nós somos uma cidade onde as pessoas gostam de olhar no olho, entender as necessidades de cada um. Temos o prazer de conversar e negociar com amigos. Damos prioridade para pessoas próximas. Essa realidade é distante das empresas que vieram explorar o serviço funerário. Elas se chocaram e tiveram que apelar. Nessa apelação, receberam todo o suporte do setor público e deixaram de lado o principal, que é a sociedade”, finalizou Reichle.

 

Continue lendo
Topo