Um projeto milionário e que deve impactar o futuro da comunidade está prestes a ser realizado em Tubarão. Com valores que giram na casa do R$ 1,5 milhão, uma nova ponte deve ser construída no bairro Campestre, com data prevista para entrega no dia 1º de maio de 2025. O projeto do município, mas coordenado pela Tubarão Saneamento, deve muito além de impactar a infraestrutura urbana, mudar o futuro de um dos braços do principal símbolo da cidade: o Rio da Madre.
A Tubarão Saneamento, assim como a prefeitura, tem planos para o futuro do Rio da Madre, popularmente conhecido como Rio Seco. Devido a um desnível entre o Rio Tubarão e o braço também chamado de Rio Morto, originado após a retificação do rio depois da enchente de 1974, a água do local não tem a mesma capacidade de vazão, fator que segundo os técnicos da concessionária responsável pela obra, é o motivo pelo qual a região está se degradando, e assim como o apelido do rio, está morrendo. Além disso, com o pouco escoamento, um bolsão de água que já existia, está cada vez mais cheio, logo atrás da Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Campestre.
A construção da ponte
A principal intervenção, portanto, será a construção de uma ponte na Rua José Heitich. Quem passa pelo local consegue notar uma diferença entre os dois pontos do rio. A longo prazo inclusive, até mesmo problemas na estrutura da via poderiam aparecer, já que a rua está funcionando como uma espécie de barragem no momento.
Local da nova ponte Rio da Madre com vazão normal Rio da Madre com baixa vazão Com uma ponte no local, o rio não teria nada que impedisse seu fluxo, renovando também a água que fica praticamente parada devido a interferência da Rua José Heitich. Devido ao desnível citado anteriormente, para que as águas do Rio Tubarão cheguem ao Rio Morto e movimentam o fluxo, a Tubarão Saneamento já opera uma bomba na altura da Rodovia Aggeu Medeiros para bombear e direcionar a vazão para o Rio Seco.
Rio Tubarão na altura da Rod. Aggeu Medeiros Sistema de bombeamento para revitalização do Rio da Madre “Desde 2018, nós, junto da Agência Reguladora, Instituto de Meio Ambiente e município de Tubarão, temos feito um acompanhamento muito firme e uma série de ações. O rio está hoje em condições de receber o que temos instalado na cidade. Mas o sistema de tratamento de esgoto precisa avançar. Temos que ampliar o volume de água que tem no Rio da Madre. Para que isso aconteça é necessário uma série de obras, definidas em conjunto com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão”, explicou Marcelo Matos, diretor da Tubarão Saneamento. Segundo ele, as ações devem iniciar com a instalação da ponte a partir do dia 2 de dezembro.
A importância do rio vivo
“A gente bombeia a água e quando chega no entroncamento da ponte fica represada. A água anterior apodrece, não fica boa. Perde todas as qualidades de oxigênio dissolvido, cresce a demanda bioquímica de oxigênio e então é degradada também. Precisamos liberar esse fluxo”, completou Marcelo sobre o que acontece atualmente no Rio da Madre. Além da ponte, outras obras, como limpeza de canal, limpeza das margens e maior fiscalização das pessoas que lançam efluentes indevidamente no local devem ser anunciadas em uma assembleia nesta sexta-feira (22).
De acordo com um estudo realizado, o rio foi compatível com a classe 4, a pior classificação em uma escala de 1 a 4, além de classe especial. Isso significa que a qualidade da água é considerada a mais baixa, conforme a Resolução CONAMA nº 357/2005. Tendo isso em mente, com a execução das ações, o objetivo é chegar às classes 2 e 3 ao longo do trecho do Rio Tubarão/Madre até 2042. Com o Rio Morto chegando a classe 3, por exemplo, o mesmo poderia ter uma maior utilidade para os rizicultores da região, além de poder receber a água da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).
“Ao permitir que o efluente tratado, que é uma água límpida, seja jogado no rio, essa água ajuda na recuperação do local. Esse é o objetivo desse projeto, pois poderia ser muito mais simples. Poderíamos fazer uma tubulação e jogar direto no Rio Tubarão. Iria custar mais caro, mas estaria resolvido o problema da rede de esgoto. Nós preferimos que aquela água que é tratada seja jogada no Rio da Madre para ajudar na sua recuperação”, explicou Benoni Schimitz, diretor da Duane do Brasil SA, grupo a qual a Tubarão Saneamento pertence.
Vale destacar que os parâmetros da água do Rio da Madre não são compatíveis com um rio classe 2, mas sim classe 4, e por isso o mesmo precisa ser enquadrado formalmente e estabelecido metas de trabalho para deixar o mesmo com uma classe compatível com a necessidade dos usuários daquele rio. A classe 3 permite que produtores de arroz e a própria estação de tratamento possam usar o rio, realizando as aprovações de captação e lançamento de efluentes. O projeto inicial prevê o lançamento do efluente tratado da ETE em 75 litros por segundo em média. Agora pretende-se aprovar 150 litros por segundo de efluente tratado a ser lançado neste trecho do Rio Seco/Morto.