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SCTODODIA

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Alimentos ultraprocessados trazem impactos sociais e ambientais

Criciúma
Divulgação Ministério da Saúde
Divulgação Ministério da Saúde

Criciúma

Alimentos ultraprocessados trazem impactos sociais e ambientais

Guia Alimentar para População Brasileira destaca a integração entre saúde, cultura e meio ambiente como fator preponderante para uma alimentação saudável

“A alimentação adequada e saudável está profundamente ligada a um sistema alimentar que é socialmente e ambientalmente sustentável”. A afirmação é do Guia Alimentar para a População Brasileira que, em 2024, completa 10 anos. As recomendações atualizadas nesta edição consideram dois aspectos fundamentais: o contexto sociocultural e a sustentabilidade. O guia visa promover uma alimentação que favoreça a saúde individual, respeite e valorize as tradições locais e o meio ambiente.

A coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Kelly Poliany Alves, destaca que a pasta tem uma longa trajetória na construção do conceito de que uma alimentação adequada e saudável vai além da ingestão de nutrientes. Ela também está relacionada aos aspectos socioculturais, econômicos e ambientais, tanto no âmbito individual quanto coletivo. “Os guias alimentares são ferramentas essenciais não apenas para orientar as ações de educação alimentar e nutricional, mas também para influenciar outras políticas públicas relacionadas à produção, distribuição, abastecimento, comércio e oferta de alimentos para a população”, destaca.

Nesse sentido, o Guia alerta para os alimentos ultraprocessados que embora sejam por sua própria natureza não saudáveis, têm ganhado espaço devido ao baixo preço, à alta disponibilidade, conveniência e sabor. Esses alimentos apresentam impactos negativos na cultura, na vida social e no meio ambiente, afetando, assim, a saúde e o bem-estar das pessoas.

Cultura

Esses alimentos afetam a cultura ao promover marcas padronizadas mundialmente e campanhas publicitárias agressivas. Essas estratégias criam uma falsa sensação de diversidade e fazem com que as tradições alimentares locais pareçam desinteressantes, especialmente para os jovens. Como resultado, há um crescente desejo de consumir esses produtos para se alinhar a uma cultura supostamente moderna e superior, diminuindo a importância das práticas alimentares tradicionais.

Vida social

Projetados para consumo imediato, podendo ser ingeridos a qualquer hora e em qualquer lugar, os alimentos ultraprocessados eliminam a necessidade de preparar e compartilhar refeições. Seu consumo frequente ocorre em momentos de isolamento, como ao assistir televisão ou trabalhar no computador, o que reduz as oportunidades de interação social. Segundo o guia, a “interação social” mostrada nas campanhas publicitárias desses produtos não reflete a realidade.

Meio ambiente

A produção e comercialização de alimentos ultraprocessados causam danos ao meio ambiente. As embalagens não biodegradáveis poluem o ambiente e exigem novas tecnologias para gestão de resíduos. A demanda por ingredientes como açúcar e óleos vegetais estimula monoculturas que utilizam agrotóxicos e fertilizantes, prejudicando a biodiversidade. Além disso, o transporte desse alimento consome muita energia e emite poluentes, enquanto o uso excessivo de água compromete recursos naturais essenciais.

Kelly Alves explica que uma das vertentes abordadas pelo Ministério da Saúde é o incentivo à alimentação adequada e saudável. Isso é feito por meio da divulgação clara de informações sobre essas práticas, os grupos de alimentos e suas características positivas e negativas. “A nossa orientação não se baseia em uma abordagem de permitido e proibido, mas sim em incentivar escolhas alimentares saudáveis e evitar aquilo que pode representar riscos à saúde”, observa.

Histórico do Guia

A primeira edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, publicada em 2006 pelo ministério, apresentou as primeiras diretrizes alimentares oficiais para a população. Com as transformações sociais que impactaram as condições de saúde e nutrição da sociedade, foi necessário atualizar as recomendações.

A segunda edição, desenvolvida em parceria com Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP) com apoio da Organização Panamericana de Saúde (Opas), disponível desde 2014, foi elaborada após um amplo processo de consulta pública que envolveu um extenso debate com diversos setores da sociedade. Essa versão permanece atual mesmo após uma década. “As evidências científicas mostram que os problemas de saúde que estavam presentes na época da revisão, como as doenças crônicas não transmissíveis, continuam avançando e estão diretamente relacionados à alimentação inadequada”, conclui a coordenadora.

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